por Pe. Ricardo Cirino Vaz

25º DOMINGO DO TEMPO COMUM
18.09.2011

1ª LEITURA - IS 55,6-9
SALMO 144,2-3.8-9.17-18 (R. 18A)
2ª LEITURA - FL 1,20C-24.27A
EVANGELHO - MT 20,1-16A

As leituras podem ser obtidas em:
https://www.cnbb.org.br/liturgia/app/user/user/UserView.php?ano=2011&mes=9&dia=18

“A LÓGICA DE DEUS”

Diante da verdade do Salmista, que proclama “O Senhor está perto da pessoa que o invoca” lembramos quantas vezes nos pegamos reclamando da ausência de Deus em nossa vida. Mas deveríamos antes questionar o quanto verdadeiramente o buscamos. Talvez não o percebemos tão perto porque não o invocamos. Pensemos nas grandes decisões que tomamos na vida, e quantas vezes deixamos Deus participar delas. Na maioria das vezes confiamos mais na lógica humana, baseada em nossas paixões, nosso egoísmo e auto-suficiência, e esquecemos de dar atenção a lógica de Deus, baseada na justiça e na misericórdia.
É o que o Senhor nos ensina na primeira leitura deste domingo, por meio do profeta “Meus pensamentos não são como os vossos pensamentos, e vossos caminhos não como os meus caminhos.” (Is 55,6-9). Em um contexto de retorno do exílio, o povo trazia consigo desejo de restauração da nação e até mesmo vingança sobre os antigos inimigos. A idéia de justiça que temos é diferente a idéia de Deus, que é generoso no perdão.
A lógica de Deus pode até confundir a mente do homem, mas se torna plenamente compreensível em seu coração. Na segunda leitura, são Paulo expressa magnificamente esta “contradição do amor divino”, nos presenteando com esta que se tornou uma expressão que caracteriza muito bem o apóstolo dos gentios: “para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Fl 1,21). Mas em paradoxo a este fé, percebe a necessidade de continuar sua vida neste mundo; aliás só encontra sentido de viver para os irmãos por causa de Cristo. Diante disto, conclui para todos nós: “Só uma coisa importa: viver a altura do Evangelho de Cristo”.
É esta lógica de misericórdia e salvação que somos convidados a apreciar no Evangelho deste domingo. Na parábola ensinada por Jesus percebemos que vários trabalhadores foram contratados em horários diferentes, e foram recompensados da mesma forma no fim do dia: uma moeda de prata. Mas o dono da vinha não foi injusto, pois este foi o preço combinado com os primeiros trabalhadores. O dono da vinha simplesmente não quis deixar de ser bom com aqueles que não tiveram a mesma oportunidade: “porque ninguém nos contratou!” (Mt 20,7).
Esta parábola nos ensina a enxergarmos a lógica de Deus a partir do que ele nos dá. Desvalorizamos-nos demais e desvalorizamos a ação do próprio Deus em nossas vidas ao tentarmos nos descobrir nas “recompensas” do outro. A lógica humana faz com que nós só enxerguemos nossos méritos, e desta forma, nos acharmos mais merecedores da graça divina do que o outro irmão que talvez até seja “mais pecador”, mas que talvez não tenha tido a mesma oportunidade de se encontrar com o Senhor como nós. E acabamos reclamando da “moedinha de prata” das bênçãos que o Senhor já derrama em minha vida, mais do que o suficiente. Nem tal moedinha mereceríamos ao analisar a dívida que “teríamos” com Deus... Teríamos porque ela já foi sanada: Lembremos de Nosso Senhor Jesus Cristo, que não reclamou da dívida que a humanidade gerou pelo pecado e pagou-a com o preço de seu sangue derramado na Cruz.
Desta forma percebemos muito bem que não é a lógica de Deus que é incompreensível, mas sim a lógica humana que é incoerente, pois ao mesmo tempo em que rezamos nas missas “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada...”, somos capazes de nos sentirmos injustiçados por Deus, que também quis ser misericórdia para meu irmão.
Peçamos a Deus mais uma vez seu Espírito Santo, para que aprendamos a entender e perceber a sua lógica com um coração complacente, misericordioso e cada vez mais agradecido.

Deus abençoe a todos.

Pe. Ricardo C. Vaz
Paróquia N. Sra Aparecida - Cajuru (Sorocaba)